29 agosto 2018 às 13:05

“Fumar traz sérios riscos à saúde bucal”, alerta odontólogo que fala ainda sobre a importância do autoexame

Nesta quarta-feira, 29, comemora-se o Dia Nacional de Combate ao Fumo

Nesta quarta, 29, data instituída como Dia Nacional de Combate ao Fumo, o odontólogo Lucas Baltazar Adamoglu aproveitou o momento da sala de espera para consultas no Centro de Saúde da Comunidade Hermes Damaso (Setor Sul) para falar aos pacientes e servidores da unidade sobre câncer bucal com foco na prevenção.

 

Segundo o odontólogo, o câncer bucal é silencioso, pouco conhecido, mas é muito comum, e a melhor forma de prevenção é ir ao dentista periodicamente a cada seis meses e fazer o autoexame, pois a doença apresenta alguns sintomas de fácil percepção. “O autoexame bucal deve ser feito por todos, tanto os que fumam como o que não fumam, mas principalmente pelos que fumam, pois têm uma predisposição maior em ter câncer bucal”, alerta, explicando como fazer. “A pessoa, na frente do espelho, deve abrir bem a boca, olhar a língua, tentar ver o céu da boca, os lábios, a bochecha, a gengiva, procurando alguma bolhinha ou carocinho que esteja nessa região há mais 15 ou 30 dias, sem nenhum tipo de cicatrização, ou alguma manchinha mais avermelhada, escura ou esbranquiçada, e nesse caso procurar um profissional da odontologia para avaliar”, explica.

 

O odontólogo chamou a atenção para questão da importância da saliva na saúde bucal. “A saliva é a primeira limpeza da boca e quem fuma tem uma salivação menor, o que chamamos de xerostomia. O uso do cigarro diminui a salivação e traz consequências para saúde bucal como boca seca, gengivite, doenças periodontais (perda do osso que segura os dentes) e o câncer bucal que é silencioso, mas é muito agressivo e ainda tem câncer de laringe, faringe”, explica.

 

O aposentado Raimundo Antônio da Silva, 76 anos, deixou de fumar há 35 anos, mas sabe que o cigarro deixou  marcas no seu organismo. “Comecei a fumar na juventude, lá pelos meus 15 anos, e deixei de fumar por opinião própria, sem necessidade de tratamento porque não achei mais bonito fumar e larguei. Antes eu me sentia muito cansado, hoje estou bem melhor. Mas recentemente procurei uma dentista e ela me perguntou se eu fumava porque os dentes ainda têm sinais do uso de cigarro. Fiz também recentemente o exame da esteira e o médico me disse que os sinais eram de um fumante”, conta.

 

Experiência

 

A agente comunitária de saúde Neusa Elisa Porto atua no Setor Sul há 18 anos e conta que, com três anos atuando na área, conheceu e acompanhou o caso de uma senhora que morreu por consequência de um câncer bucal causado pelo uso de cigarro. “Foi um sofrimento tremendo, ela era maravilhosa e alegre, e de repente começou a sentir uns sintomas, só que quando ela descobriu que era câncer já estava bem agravado. Ela ficou impossibilitada de se alimentar, de falar, a doença atingiu as cordas vocais, falava por gestos ou por escrito”, conta Neusa, que a partir de então começou a alertar toda a comunidade sobre os males causados pelo cigarro.

 

“Eu a visitava com frequência e um dia ela escreveu, com lágrimas rolando, que o maior desejo que ela tinha era de novamente sentir o sabor da comida. Os olhos dela brilhavam quando via um prato de comida, mas nunca mais teve o prazer de comer porque se alimentava por sonda. Aquilo para mim foi muito doloroso, mas a partir de então comecei a combater o tabagismo contando essa experiência, e explicando o quão perigoso é brincar com isso, fumar por curiosidade, por um instante de prazer e depois pagar um preço tão alto, não compensa”, alerta.


(Edição e postagem: Iara Cruz)



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