Prefeitura abraça projeto de ressocialização de socioeducandos do Case
A
Prefeitura de Palmas, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural
(Seder), está desenvolvendo o projeto de horta comunitária nas dependências
do Centro de Atendimento Socioeducativo
de Palmas (Case).
A
“menina dos olhos” dos socioeducandos é o projeto Socioeducar Unidos para Vencer,
que envolve cerca de 36 internos do Case e do Centro de Internação Provisória,
que em dois turnos preparam a terra e o
plantio de hortaliças em uma área de aproximadamente 5 mil m².
O
projeto envolve diretamente o corpo docente da Escola Estadual Mundo Sócio do
Saber do Case e foi idealizado pela Defensora pública Maria do Carmo Cota, que é coordenadora do Núcleo de Promoção e
Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Nudeca).
Para
Maria do Carmo, o trabalho comunitário na horta faz com que os socioeducandos
se sintam produtivos e menos ociosos. “E uma oportunidade de estarem menos
ociosos aqui dentro e desenvolver uma atividade laboral”, disse.
A
diretora da escola, Valdeci Ramo de Araujo, acredita que com a nova
reestruturação do projeto, os resultados são satisfatórios. “Estamos realizando
um projeto pensado pela nossa equipe e que foi reestruturado com essa nova parceria
da defensora pública do Estado, que com certeza nos trará resultados
satisfatórios para os socioeducandos e para o corpo docente e funcionários do
Case”, disse.
Horta comunitária
Em uma área interna do Case, os socioeducandos recebem orientações de um técnico e de um engenheiro agrônomo da Secretaria de Desenvolvimento Rural, para o lantio, construção e manutenção dos canteiros.
Nos
canteiros é feito o plantio de mudas de milho, mandioca, alface, cebolinha, abóbora,
rúcula, dentre outros.
O socioeducando L.F está recolhido na case por tentativa de homicídio. Enquanto preparava a terra para o plantio de uma muda de abóbora falou sobre o seu trabalho na horta. “Aqui cada um respeita o outro, pois estamos focado no trabalho”, disse.
Já
o adolescente T.D. S, recluso por praticar o crime de latrocínio (roubo seguido
de morte), usava um rastelo para deixar o canteiro limpo. Há dois meses no centro ele acredita que o
trabalho na horta lhe trará uma experiência boa. “Quando eu sair daqui já tenho
algo para fazer em casa”, ressaltou.
Para
o técnico agropecuário da Seder, Bonfim dos Reis, os socioeducandos recebem
toda orientação necessária para o plantio correto das hortaliças. “Desde a
preparação do solo ao plantio correto das sementes”, disse.
Ministrando
várias disciplinas aos internos, a professora da Escola Estadual Mundo
Sócio do Saber do Case, Michele Araújo, acredita que as aulas práticas na hora comunitária
são uma forma de torná-los menos ociosos. “Eles tinham necessidade de fazer
algo e não ficar o dia todo ociosos e trancados,” ressaltou.
O
chefe de Segurança da Unidade, Clauderlei Oliveira, vê com bons olhos a mudança
no comportamento dos socioeducandos. Ele
elenca algumas mudanças. “Durante o trabalho na horta vamos conversando com
eles, e percebemos que já diminuíram a ansiedade e as gírias, o que demonstra
que a metodologia aplicada é progressiva e trazendo resultados positivos”, disse.
O
analista jurídico da Defensoria Pública, Renato Augusto Marinho de
Carvalho, elencou as mudanças que o projeto
está realizando dentro do Centro.
“Estamos realizando a reforma do bloco A, a piscina foi reativada, e
também estaremos ofertando cursos profissionalizantes aos socioeducandos,” concluiu.
De
acordo com o técnico agropecuário da Seder, Bonfim dos Reis, a ideia é ampliar
a área com um pomar, o plantio de mudas nativas e frutíferas e jardinagem
dentro das dependências do Case. “As hortaliças produzidas pelos socioeducandos
serão usadas para o consumo próprio de servidores e reclusos do case”, explicou.
O
projeto envolve diversas parceiros, como a Secretaria de Cidadania e Justiça,
Senai, Senac, Secretaria Estadual
de Infraestrutura, Fundação do
Meio Ambiente, e alunos do curso de
Direito da Universidade federal do Tocantins (UFT), que ministram palestras aos
socioeducandos e aulas de violão.