Agrotins 2019: Pesquisa alerta para práticas que favorecem residual de antibiótico no leite
Orientação técnica e boas práticas podem auxiliar produtor de leite a atender legislação; resultados de pesquisa foram apresentados em palestra
Falta de informação e
desrespeito à legislação são as duas principais razões que justificam a
presença residual de antibióticos no leite in natura. Isso é o que foi
demonstrado em palestra ministrada pelo médico veterinário e mestre em Ciência
e Tecnologia, Cláudio Sayão, nesta quarta-feira, 08, na Feira Tecnológica
Agropecuária (Agrotins) 2019, em Palmas.
Sayão é servidor da
Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder) de Palmas e trabalha com projetos
de extensão e assistência técnica em propriedades rurais que desenvolvem a
atividade leiteira. Os resultados mostrados na palestra se referem a uma
pesquisa feita em 22 fazendas da zona metropolitana de Palmas entre julho de
2017 e junho de 2018.
A pesquisa recebeu
apoio de laboratório privado para análise de amostras de leite e envolveu desde
propriedades de pequeno e médio porte a laticínios regionais e entrevistas com
produtores e lojas agropecuárias. O objetivo foi apurar a prática e o
conhecimento dos entrevistados sobre a ordenha, a higiene, o tratamento de
vacas doentes, o respeito à pausa pós-tratamento e como tudo isso pode ter
relação causal com a comercialização de leite com residual medicamentoso.
Resultados
A mastite, inflamação
na glândula mamária da vaca, foi o principal motivo, segundo os entrevistados,
para a administração de antibióticos em animais em produção. Por fim, a pesquisa demonstrou que o
tratamento da inflamação e práticas inadequadas de manejo favoreceram o
resultado inadequado em amostras de leite de três das 22 fazendas pesquisadas.
Foi possível
identificar, segundo Sayão, como falhas que favoreceram o resultado inadequado:
dosagem acima do recomendado, falha da observação ou não cumprimento dos
períodos de carência do medicamento administrado e até mistura do leite não contaminado
com o contaminado.
Este residual
dissolvido no leite inibe, por exemplo, a cultura de bactérias necessárias para
a fabricação de queijos, iogurtes e leites fermentados e também interfere na
garantia da validade do leite submetido a tratamento térmico para envasamento.
A conservação do produto se torna menor e há ainda riscos para a saúde de quem
consome o leite ou derivados com moléculas de antibiótico.
“Se falarmos de
âmbito mundial, a legislação brasileira é atual e prevê que o resíduo de
antibiótico em leite tem que ser zero, porém em muitas regiões do País esse
resíduo ainda é achado, como também podemos observar em pesquisas feitas em
outras regiões”, disse Sayão.
Produtor
assistido
Adotar boas práticas
de higiene e de tratamento da mastite e outras causas de adoecimento do gado e
recorrer à supervisão técnica, como a oferecida pela Seder gratuitamente a
pequenos produtores, são caminhos para que resultados como os demonstrados na pesquisa
não voltem a acontecer. Wilton
Macêdo produz em uma pequena propriedade
no assentamento Entre Rios, em Palmas, cerca de 50 litros de leite por dia. Ele
observou atentamente a palestra e se disse motivado a repensar práticas que
possam influenciar em mais qualidade ao seu produto. “Na rotina passa
muita coisa despercebida e isso aqui foi bom de ouvir para a gente repensar e
se policiar, porque o leite é um produto perecível que precisa ter
qualidade”, afirmou.
“Não adianta
pensar em ganhar dinheiro se você não trabalhar com segurança alimentar. Isso é
uma exigência mais do que necessária, é uma obrigação da atividade”,
avaliou o produtor e empresário no segmento de laticínio Adão Rocha Rêgo, ao
final da palestra.
Orientação e
esclarecimento de dúvidas sobre este e outros assuntos ligados à produção rural
podem ser obtidos até o final da Agrotins 2019, que encerra no dia 11, na Fazendinha Calor Humano.
No entanto, qualquer produtor de Palmas interessado também pode buscar apoio
diretamente na Seder, que fica ao lado do Terminal Rodoviário de Palmas, na
Quadra ASR-SE 125, esquina entre as Avenidas NS-10 e LO-27.