Direitos, políticas públicas e financiamento do SUS permeiam o debate da XI Conferência de Saúde; eixos temáticos foram debatidos na manhã desta quarta, 27
Os eixos temáticos foram amplamente debatidos pela sociedade, gestores e trabalhadores do SUS
Reunidos em grupos, comunidade,
acadêmicos, gestores e trabalhadores do Sistema Único de Saúde dão continuidade
ao debate dos temas propostos pela XI Conferência Municipal de Saúde que está
sendo realizada na Universidade Federal do Tocantins. Saúde como Direito, Consolidação
dos princípios do SUS, e Financiamento adequado e suficiente para o SUS são os
eixos temáticos que seguem em discussão. No período da tarde, a partir das 14
horas, acontece a plenária para consolidar as propostas que serão levadas para
a Conferência Estadual e a eleição dos delegados que participarão da mesma.
Antes de se dividir em grupos, todos os
participantes assistiram a palestra sobre cada eixo temático. A promotora de
Saúde do Ministério Público Estadual, Maria Rosely Pery, abordou o tema Saúde
como Direito, no qual destacou a importância do planejamento das ações em
saúde. “O SUS tem mais de 30 anos e acredito que poderia ter avançado mais,
apesar dos problemas relacionados ao subfinanciamento, sobretudo da união, na
prática os processos de trabalho destinados à execução das ações e serviços de
saúde planejados são falhos, existem muitas inconformidades na execução das
políticas públicas de vigilância e de atenção à saúde”, avaliou a promotora,
acrescentando o que pensa como solução: “Se houvesse monitoramento, controle,
avaliação, auditoria e correção dessas inconformidades de uma maneira mais
eficiente e oportuna, seria possível uma população com mais qualidade de vida e
com indicadores de saúde mais apropriados”.
O defensor público Arthur de Pádua
abordou o segundo eixo Consolidação dos princípios do SUS, apresentando os
artigos constitucionais que garantem o direito à saúde de forma integral e
igualitária e ainda em quais situações ocorre a judicialização. “O cidadão
precisa se empoderar daquilo que é direito e se posicionar contra as
desigualdades. A verdade é que as pessoas recorrem à Justiça quando estão
realmente necessitadas, não têm outra alternativa, mas muitos problemas
poderiam ser evitados com a auto prevenção e políticas públicas com esse foco e
o acesso dos usuários a medicamentos mais modernos e novas tecnologias nem
sempre disponíveis no SUS”, ressaltou.
Sobre o financiamento do SUS, o
secretário executivo da Secretaria Municipal de Saúde, Frederico Silvério,
apresentou dados mostrando a realidade atual do SUS que atende 190 milhões
pessoas; outras 46,6 milhões estão nos planos de saúde, mas 75% dos serviços de
alta complexidade são ofertados pelo SUS; o gasto diário por habitante no SUS é
R$ 3,20. “Dizem que o SUS não funciona, mas eu digo que funciona e muito bem
pelo pouco que é aplicado e por isso, precisamos defendê-lo. Muito se fala em
má gestão do SUS, mas o que houve ao longo dos anos foi o subfinanciamento, e
hoje estamos vivenciando o desfinanciamento. Estamos num retrocesso chegando ao
ponto de tramitar no Congresso projetos que pleiteiam a retirada dos
percentuais mínimos (hoje 15% da receita). Não podemos permitir isso, mas lutar
para que o SUS permaneça universal e gratuito para todos”, destacou Silvério.
Participação da sociedade
O secretário de Saúde, Daniel Borini, e
o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Antônio Saraiva, ressaltaram a
participação de segmentos da sociedade e da comunidade acadêmica. “Desde ontem
muita gente participando, debatendo a saúde pública de Palmas e aquelas
propostas que não competem ao âmbito municipal serão levadas para serem
discutidas nas conferências estadual e nacional”, ressaltou Borini. “Daqui já
saem em torno de cinco propostas por eixo que serão levadas para a conferência
estadual. Na plenária de hoje à tarde, ainda elegeremos os delegados que
representarão Palmas”, complementou Saraiva.
Formado pela Universidade da
Maturidade, o aposentado João Carlos Ferreira, fez questão de contribuir com o
eixo Saúde como Direito. “Quem sabe dos problemas da minha rua, do meu bairro
sou eu. Política quem tem que fazer somos todos nós. A população tem que
participar e cobrar dos gestores públicos as melhorias necessárias”, concluiu.
Edição e
postagem: Lorena Karlla