
Árvores contribuem para infância feliz em meio a brincadeiras e descobertas
Com o projeto Pé de Sombra mais 36 mil mudas serão plantadas até maio 2018
A
sabedoria popular defende que para que o ser humano tenha uma vida completa é
preciso que “plante uma árvore, escreva um livro e tenha um filho”. Se levado
em consideração o sentido literal, das três missões, sem dúvida a mais fácil é
plantar uma árvore, já que até mesmo os pássaros a fazem com muita sabedoria e
maestria, ao distribuir sementes que, quando germinadas, se tornam frondosas
espécies de árvores. Nossa relação com elas, as árvores, pode ser considerada
íntima, já que algumas infâncias já foram profundamente marcadas pelas
brincadeiras, as aventuras de escalada, balanço, esconde-esconde, à sombra ou
em torno das árvores frutíferas, como mangueiras, cajueiros, jamelão, seriguela
e tantas outras.
Como
parte das ações concretas em busca por uma cidade mais sustentável e melhor
para a população e ainda para incentivar essa relação tão saudável, de diversão
ao ar livre, a Prefeitura de Palmas lançou em setembro deste ano o projeto Pé
de Sombra, que irá plantar 36 mil mudas de árvores nativas e frutíferas no
período chuvoso, de novembro de 2017 a maio de 2018.
Com
essa ação, em breve, o costume de ter crianças e até famílias reunidas sob uma
bela árvore, brincando e se movimentado poderá ser resgatado. E histórias como
a da aposentada Cunegundes Coelho de Arruda, 77 anos, se repetirem. A idosa se
orgulha de saborear direto do pé frutos fresquinhos de espécies plantadas por
ela, sendo manga, acerola, ata (pinha), maracujá, araçá, coco, limão, lima,
mexerica, cacau e algumas espécies ornamentais. Mesmo morando na cidade de
Fortaleza do Tabocão, cerca de 170 km de distância de Palmas, a orgulhosa avó,
aguarda com muita expectativa a visita da netinha Ana Luíza Campelo Benevides,
de 7 anos, que mora em Palmas com os pais, para repassar suas experiências com as
espécies e incentivar a paixão na sua jovem descendente.
E
o propósito tem surtido efeito. Apesar de fazer parte de uma geração vidrada em
tecnologia, Ana Luíza prefere mesmo é brincar ao ar livre, sempre que tem a
chance. A ida à casa da avó é sempre muito aguardada. “Lá tem muito espaço e
posso brincar bastante nas árvores, mesmo minha avó ficando de olho para eu não
me machucar”, explica a garota.
Ela garante que não gosta quando as pessoas cortam as árvores,
porque acaba com a sombra e ainda tira o lar dos animais. “Muito ruim quando
destroem a natureza. Não gosto quando matam as árvores, pois elas são nossas
amigas e só fazem bem”, defende a pequena que acrescenta: “Aqui em Palmas eu sempre
passeio com minha mãe em lugares que posso aproveitar e brincar nas árvores,
adoro o Parque Cesamar, que tem muitas árvores, e até na Praia da Graciosa e do
Caju. Lá na Praça do Bosque eu também me divirto bastante”, conta a pequena.
Quem também é consciente de seu papel no mundo e defende as
árvores com unhas e dentes é o pequeno Pedro Miguel Dias de Brito Xerente, de 6
anos, filho da agrônoma Thalyta de Sousa Dias, 33 anos. “Minha preocupação é de
educar meu filho para que ele tenha empatia e saiba cuidar da natureza. Nisso
uma grande experiência que está em curso e que tenho certeza que ele lembrará
na vida adulta, foi de uma muda que ele ganhou da minha mãe e que fez questão
de plantar e acompanhar o crescimento da árvore, plantada no ano passado, no
tempo com cerca de 80 centímetros e que hoje já passa de um metro e meio”,
explicou a mãe orgulhosa da disposição de Pedro.
“É muito bonito ver esse sentimento que ele tem com a árvore. A
cada dois meses vamos ao local para fazer a manutenção, nisso ele rega e verifica
o andamento do crescimento a partir da orientação dada por mim”, garantiu
Thalyta.
Boas lembranças
Paralelo às ações diretas de plantio feitas pela Prefeitura, a
gestão também incentiva que os moradores sejam agentes transformadores e
disseminadores dessas práticas em prol do meio ambiente.
O
microempresário Jonas Vieira, de 62 anos, recorda-se de uma majestosa
jabuticabeira plantada no quintal de seu já falecido pai, Emídio Vieira, na
cidade de Axixá, interior do Estado. “Quando estava carregada era motivo de
festa para os netos que aproveitavam para brincadeira na sombra da árvore e
ainda saborear o fruto que enchia o tronco a ponto de quase escondê-lo por
completo”, lembra.
Apesar de a árvore já não existir mais, as lembranças jamais serão
esquecidas e a árvore sempre será associada à presença do patriarca da família.
“Ficou aquela sensação boa. Toda vez que vejo jabuticaba vem logo na mente a
imagem de meu pai”, recorda-se com saudade.
(Edição: Lorena Karlla)