Dia de Campo ensina produtor de leite a superar a seca sem aumentar os custos da produção
Projeto-piloto com espécie melhorada de capim demonstrou como garantir dentro da propriedade alimento para o gado no período de estiagem
Garantir alimentação constante e sem altos custos no período da seca é
uma das dificuldades do produtor de leite. Na seca, a queda na oferta e
qualidade de pasto muitas vezes leva também à queda da produção e obriga o
pequeno produtor a adquirir de fora da sua propriedade alimentação para as
vacas.
Sob orientação da Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder) e da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Dirceu Martins, que é
pequeno produtor de leite de Palmas, realizou o plantio de uma espécie
melhorada de capim-elefante, o capiaçu. Espécie que apresenta maior produção de
matéria seca (silo) e menor custo em relação ao milho e à cana de açúcar.
“Estou satisfeito com o crescimento. O capiaçu desenvolve muito bem.
Acredito que vou conseguir suprir no período da seca as 15 vacas e economizar
muito em relação ao que precisei investir no ano anterior”, explicou o
produtor. Em 2018, por falta de alimento, ele precisou investir cerca de R$ 14
mil em alimentação. O custo de plantio do capiaçu em uma área de 0,7 hectare,
segundo ele, ficou em torno de R$ 2.500.
A espécie melhorada foi apresentada a produtores rurais de Palmas na
manhã desta sexta-feira, 17, durante um Dia de Campo, na zona rural da Capital.
O evento para pequenos e médios produtores foi organizado pela Seder e
parceiros a fim de apresentar os resultados já obtidos nas primeiras
propriedades que receberam o capiaçu e demonstrar o processo de silagem do
capim.
A produção de leite na Capital ainda é pequena, apesar do grande
potencial do mercado consumidor. O secretário municipal de Desenvolvimento
Rural, Roberto Sahium, frisou quão grande é o mercado consumidor local de
leite. “Em 2013, a média de produção em Palmas era de 1.500 litros de leite por
dia. Conseguimos elevar essa produção hoje para 10 mil litros por dia. Cresceu
mas, ainda não supri o consumo da cidade que é de 150 mil litros de leite
diários. Precisamos investir neste segmento e para aumentar essa produção é
preciso ter comida para o gado, inclusive no período da seca. E é isso que
estamos demonstrando aqui”, disse Sahium.
Capiaçu
Os benefícios do emprego do capiaçu são muitos. O médico veterinário da
Seder, Cláudio Sayão, explicou que o capiaçu é uma ótima alternativa para
elevar a produtividade da propriedade. “Com alimentação de qualidade o ano
todo, as vacas melhoram a fisiologia reprodutiva e a produção de leite
aumenta. Assim o rendimento da propriedade cresce, já que sem precisar
adquirir alimentação de fora, não haverá diminuição do custo da produção”,
reforçou Sayão.
O produtor Emivaldo Luiz de Queiroz tem 25 vacas em sua propriedade.
Segundo ele, 80% da produção média de 10 litros por dia de leite são destinadas
à fabricação de queijo. “Plantei recentemente. Com 36 dias, ele já está com
1,5m de altura. Acredito que o capiaçu vai ser a principal fonte da alimentação
das vacas nesta seca. Digo isso porque quantidade produzida em pequeno espaço
de tempo já é bem elevada. Minha expectativa é grande porque vejo que o
desenvolvimento do capim é muito bom”, avaliou Queiroz.
Parcerias do campo
Na programação do Dia de Campo, além da apresentação dos resultados
iniciais do projeto-piloto com capiaçu, o Dia de Campo também foi uma
oportunidade para os produtores conheceram mais acerca de programas de
parceiros presentes no evento.
O programa Balde Cheio, da Embrapa, mereceu destaque na programação. Ele
que usa uma metodologia de transferência de tecnologia e de capacitação de
agentes multiplicadores em propriedades leiteiras. O analista da Embrapa,
Cláudio Barbosa, aproveitou a ocasião para frisar o potencial de crescimento da
produção leiteira em Palmas. “O Balde Cheio transforma usando essas
propriedades em sala de aula com a intenção de fazer o produtor crescer. O
município de Palmas tem potencial para produzir mais e ainda gerar excedente de
modo a exportar leite em forma de derivados lácteos para outras regiões”,
frisou Barbosa.
Além da Embrapa, estavam presentes no Dia de Campo representantes do
Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Secretaria Estadual de
Agricultura, Pecuária e Aquicultura do Tocantins, da Associação Brasileira dos
Produtores de Leite (Abraleite), da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec),
da Federação Tocantinense das Associações e Entidades Rurais
(Faerto), da Católica do Tocantins, de empresas privadas e outros parceiros.
Edição e postagem: Lorena Karlla