29 outubro 2015 às 15:59

Jovens indígenas Pataxó falam sobre suas experiências na Aldeia Coroa Vermelha

Ser protagonista nas discussões que envolvem a sua realidade social,  é assim que jovens indígenas do povo Pataxó têm atuado no Sul da Bahia. O depoimento de Ubiraí e Urapinan Pataxó aconteceu no Fórum Social Indígena, na Oca da Sabedoria dos I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.

 

Ubiraí que é um dos coordenadores da Organização Não Governamental Tribo Jovem, na aldeia Coroa Vermelha em Santa Cruz Cabrália, região de Porto Seguro (BA), explica que a urbanização e a globalização afetam a rotina da Aldeia, onde vivem cerca de 6 mil indígenas, gerando conflitos culturais e colocando os jovens em situações de preconceito.

 

“A minha experiência enquanto liderança jovem, é que a globalização e a urbanização ‘está’ afogando as Aldeias, uma cultura diferente vai transformando a comunidade, faz com que tenhamos que aprender a trabalhar com isso, as influências dessas questões que também afetam a Aldeia”, conta.

 

Assim, segundo Ubiraí, o trabalho da Tribo Jovem é dá um incentivo para o adolescente indígena trabalhar ideias que provoquem mudanças na comunidade.

 

“A gente tem que saber usar mecanismos usados pelos homens brancos, como formação de leis, documentações, para a gente se apropriar e utilizar em nosso benefício” ressalta.

 

Um dos problemas enfrentados pelos Pataxó é o turismo, que trata o indígena como objeto de distração, ao mesmo tempo que trás referências e problemas externos, como o uso de drogas. “Como filho de Pajé na minha vida, a cultura sempre esteve muito presente. Mas na minha comunidade é uma questão problemática, estão sujeitos ao turismo, que chega engolindo tudo”, contou ao explicar que umas das ações desenvolvidas pela ONG Tribo Jovem é o projeto Território de Proteção, em que trabalham com crianças e adolescentes.

 

Participar dos espaços políticos foi uma das soluções encontradas por Urapinan Pataxó, também de Coroa Vermelha, “a gente começou a vê os problemas que os jovens enfrentavam nas Aldeias, e decidimos participar dos espaços políticos que discutiam a questão dos jovens, como as Conferências”, disse.  

 

A ideia é ocupar espaços que podem ser úteis aos indígenas, como as universidades, e assim desmistificar o conceito estereotipado sobre os indígenas, buscar melhorias para seu povo. “Precisamos pensar em políticas educacionais para as comunidades indígenas também, que estão muito sujeitas as transformações do mundo. O Brasil ainda é muito preconceituoso, quando usamos nossa roupa tradicional, acham que é apresentação. Usam o índio como enfeite de eventos.  É preciso que enxerguem o novo índio, que está inserido nesse contexto de transformação”, explicou ao informar que é estudante de direito na Universidade Federal do Sul da Bahia.