
Jovens indígenas Pataxó falam sobre suas experiências na Aldeia Coroa Vermelha
Ser protagonista nas discussões que
envolvem a sua realidade social, é assim que jovens indígenas do povo
Pataxó têm atuado no Sul da Bahia. O depoimento de Ubiraí e Urapinan Pataxó aconteceu
no Fórum Social Indígena, na Oca da Sabedoria dos I Jogos Mundiais dos Povos
Indígenas.
Ubiraí que é um dos coordenadores da
Organização Não Governamental Tribo Jovem, na aldeia Coroa Vermelha em Santa
Cruz Cabrália, região de Porto Seguro (BA), explica que a urbanização e a
globalização afetam a rotina da Aldeia, onde vivem cerca de 6 mil indígenas,
gerando conflitos culturais e colocando os jovens em situações de preconceito.
“A minha experiência enquanto
liderança jovem, é que a globalização e a urbanização ‘está’ afogando as
Aldeias, uma cultura diferente vai transformando a comunidade, faz com que
tenhamos que aprender a trabalhar com isso, as influências dessas questões que
também afetam a Aldeia”, conta.
Assim, segundo Ubiraí, o trabalho da
Tribo Jovem é dá um incentivo para o adolescente indígena trabalhar ideias que
provoquem mudanças na comunidade.
“A gente tem que saber usar
mecanismos usados pelos homens brancos, como formação de leis, documentações,
para a gente se apropriar e utilizar em nosso benefício” ressalta.
Um dos problemas enfrentados pelos
Pataxó é o turismo, que trata o indígena como objeto de distração, ao mesmo
tempo que trás referências e problemas externos, como o uso de drogas. “Como
filho de Pajé na minha vida, a cultura sempre esteve muito presente. Mas na
minha comunidade é uma questão problemática, estão sujeitos ao turismo, que
chega engolindo tudo”, contou ao explicar que umas das ações desenvolvidas pela
ONG Tribo Jovem é o projeto Território de Proteção, em que trabalham com
crianças e adolescentes.
Participar dos espaços políticos foi
uma das soluções encontradas por Urapinan Pataxó, também de Coroa Vermelha, “a
gente começou a vê os problemas que os jovens enfrentavam nas Aldeias, e
decidimos participar dos espaços políticos que discutiam a questão dos jovens,
como as Conferências”, disse.
A ideia é ocupar espaços que podem
ser úteis aos indígenas, como as universidades, e assim desmistificar o
conceito estereotipado sobre os indígenas, buscar melhorias para seu povo.
“Precisamos pensar em políticas educacionais para as comunidades indígenas
também, que estão muito sujeitas as transformações do mundo. O Brasil ainda é
muito preconceituoso, quando usamos nossa roupa tradicional, acham que é
apresentação. Usam o índio como enfeite de eventos. É preciso que
enxerguem o novo índio, que está inserido nesse contexto de transformação”,
explicou ao informar que é estudante de direito na Universidade Federal do Sul
da Bahia.