
Saúde da Mulher: Especialista explica o que é climatério e menopausa e os benefícios do acompanhamento médico nessa fase
A médica ginecologista e sexóloga, Márcia Cristina Perez explica como acontece essa transição, quais são as sintomas e acompanhamento necessário.
A expectativa de vida é cada vez maior em todo o mundo; isto significa
que o envelhecimento é inevitável e envelhecer com saúde é fundamental. No caso
da mulher, ir regularmente ao médico influi diretamente na qualidade de vida,
pois o profissional de saúde pode ajudá-la a entender melhor as mudanças no
organismo ao longo da vida e como se adaptar às novas fases. A segunda matéria da série ‘Saúde da Mulher’ aborda a transição entre o
período reprodutivo da mulher para o não reprodutivo, ou seja, do climatério
para a menopausa, falando ainda sobre sexualidade.
Quem explica como acontece essa transição, quais são as sintomatologias
e qual o acompanhamento necessário, é a médica ginecologista e sexóloga Márcia
Cristina Peres. Esses temas foram escolhidos pelo Núcleo de Comunicação da
Secretaria Municipal de Saúde para serem abordados como pautas especiais para
Dia Internacional da Mulher, 8 de março, justamente por contextualizarem a
saúde da mulher.
No climatério, fase que pode iniciar por volta dos 35 a 40 anos, ocorre
o esgotamento dos folículos ovarianos, provocando a progressiva diminuição da
produção de estrogênio. Como explica a médica Márcia Cristina é a fase de
transição entre o período fértil para o não fértil (que é marcado pela falência
do ovário) e isso traz muitas repercussões no organismo da mulher.
“Primeira coisa que vai acontecer, o ciclo vai ficar irregular, porque
ela perde a capacidade de ovular. Não ovula, ela não tem progesterona, o ciclo
vai ficar curto ou vai ficar longo, aí vai chegar uma hora que vai começar a
faltar o estrogênio também”, explica.
A falta de estrogênio implica em outros sintomas. “Começa a ter os
sintomas vasomotores, que é popularmente chamado fogacho, que vem a onda de
calor, pode trazer insônia, labilidade emocional (flutuação de humor),
irritabilidade, depressão, dor no corpo. A longo prazo, geralmente depois do
primeiro, segundo ano, a vagina vai ficar seca, vai ter ardência, pode começar
a ter dor na relação sexual. Então a falta desse hormônio vai trazer uma série
de repercussões para o organismo, inclusive do ponto de vista metabólico, por
isso, que a gente dá uma atenção especial ao climatério”, complementa.
Já a menopausa passa a ser considerada um ano após a última menstruação.
“A média de idade da mulher brasileira entrar na menopausa é em torno de 48 e
50 anos. A menopausa é pontual, é a última menstruação na vida da mulher,
quando ela olha para trás e fala assim passou um ano”, explica.
Tratamento
Como tratamento, a médica recomenda a reposição hormonal, respeitando
quatro indicações específicas. “A gente usa quando a paciente está com sintomas
moderado a intenso; a gente usa quando a paciente tem alto risco para ter
osteoporose, o osso ficar fraco, que acontece a longo prazo aumentando risco de
fratura; a gente usa por causa da atrofia vaginal, a vagina vai ficar fininha,
a pessoa começa a ter dor, fica seca, não tem lubrificação, começa a ter
infecção urinária de repetição; e aquela paciente que teve menopausa precoce
que seria antes dos 40 anos que a gente chama de insuficiência ovariana
prematura”, explica, lembrando ainda sobre as queixas das mulheres quanto à
perda de libido.
A ginecologista alerta que essa intervenção deve ser feita respeitando a
“janela de oportunidade”, ou seja, no momento adequado antes dos sintomas
prejudicarem a qualidade de vida da mulher. “A paciente que chega fora dessa
janela de oportunidade, já passou o período, a sexualidade está péssima, a
qualidade de vida está péssima, a mulher já engordou, perfil metabólico está
ruim, e aí depois dos 60 anos, não tem indicação mesmo de iniciar esse processo,
mas quando eu começo antes, eu tenho muitos benefícios”, orienta.
Contraindicações
Quanto às contraindicações e mitos sobre reposição hormonal, a
ginecologista é categórica ao dizer que já houve um momento de verdadeiro pavor
sobre reposição hormonal, mas que hoje já se sabe que tem muitos benefícios, de
acordo com o perfil do paciente.
Ela alerta que a falta do estrogênio vai repercutir em todo o corpo da
mulher. “Você começa a perder colágeno, a mulher que não faz reposição ela
vai ter mais rugas e vai envelhecer mais que a outra que faz. A qualidade da
vagina de uma pessoa que fez reposição e de uma que não fez é diferente. A
massa óssea daquela paciente que faz, ela não vai ter osteopenia, osteoporose
igual uma que não fez. Inclusive do ponto de vista cardiovascular, para aquela
que eu entro nessa janela de oportunidade, eu melhoro o perfil metabólico, a
distribuição de gordura, a resistência insulínica. Ela tem menos chances
inclusive de desenvolver doenças crônicas tipo diabetes, câncer de intestino,
infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, defende, lembrando que a mulher
deve ir regularmente ao médico.
(Edição e postagem: Lorena Karlla)